Vivemos num mundo bipolar. Ao mesmo tempo as pessoas estão otimistas, sorrindo pra vida, perdoam todo mundo, acreditam no amor. Por outro, estão chorando, a vida é cruel, guardam rancores, ferem os outros. Claro que o que as pessoas mostram ao mundo nem sempre é o que são de verdade. Mas ultimamente não conseguem decidir nem o que mostrar ao mundo. Tudo é aceitável, tudo é interessante, então tá difícil saber o que fingir.
Nem para a rebeldia estão com disposição: foi-se a época em que jovens causavam problema saindo de casa, enchendo a cara ou fumando maconha, namorando escondido. Hoje tem pai que que dá grana pro filho ir pra balada, deixa a "ficante" dormir em casa, e ainda acorda os dois com comida na mesa. Vai ser rebelde como, matando alguém?
Antigamente imitava-se o que passava na TV. Hoje a cultura é a internet, e como na internet você tem que saber o que quer ver, as pessoas estão descobrindo que não sabem o que querem. Simples assim. Não digo que a humanidade fosse melhor antes, mas ao menos sabia-se o que era certo ou errado, mesmo que se optasse pelo errado. Já hoje, parece que tudo é um tédio. Tá aí uma palavra que descreve bem a geração atual.
Vivemos numa época de moralidade, mas não de caráter. Recicle seu lixo. Coma comida saudável. Defenda os animais. Espalhe a paz pelo mundo. Fale de Deus. Está tudo aí, é só compartilhar uma imagem no facebook. Há uma espécie de obcessão moderna por mostrar-se sempre entusiasmado, auto-confiante e alegre, ao mesmo tempo em que se compartilham também mensagens claras de ressentimento e orgulho, do tipo "a sua inveja faz o meu sucesso" ou "a vida é assim mesmo, leva embora quem nunca fez diferença"
Sabe o que eu penso? Dane-se as imagens bonitinhas ou os dramas psicológicos que se postam no facebook. É tudo uma perda de tempo. Quer passar o tempo? Publique memes sobre a sua preguiça. Ou sobre a sexta-feira. Ou sobre bichinhos fofos. Sei lá. Mas não pense que é um filósofo da vida porque compartilha frases de Caio Fernando Abreu ou Clarice Lispector. Se você não notou, todo mundo faz isso, então não te torna especial.
Quer mesmo ter uma vida interessante? Vou te dar uma ideia: desligue de vez em quando o modo automático. Está triste? Chore. Você não tem que estar feliz sempre. Está apaixonado? Diga... quem sabe ao invés de ser um apaixonado platônico, você não consegue um amor real? Está com fome? Coma algo diferente do que você come sempre. Faça uma receita nova, sei lá. Está ferrado nos estudos? É, saia do computador e - pasmem - estude! Tem funcionado desde a antiguidade.
Agora, quer algo que faça sua vida valer mesmo a pena? Faça algo de bom para alguém. Ore por essa pessoa. Ligue para quem você tem saudade. Ouça um amigo desabafar. Dê o ombro para quem precisa. Compartilhe o que você tem de bom. Ou de ruim, se precisar. Mas não morra nessa bolha de vidro que você mesmo criou, observando o mundo lá fora e como ele parece mais bonito que o seu. Pense em você. Tenha as suas opiniões, mas pra isso você tem que arriscar um pouco. Acredite no que é certo, mas não teime no que é inútil. Depois, pense nos outros. A vida fica mais leve quando se esquece de si para lembrar de alguém.
1 comentários:
Mais uma das pérolas da Kelly!!
Amei...
vou trabalhar menos e fazer mais o que realmente satisfaz...
Te amoooo
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